encalharam sem razão os barcos
os aviões pararam em pleno ar
uma gaivota ficou negra de crude
não havia correio nos marcos
não havia razão para reclamar
o afecto mais terno tornou-se rude
falharam o alvo dos amantes as setas
as crianças de colo deixaram o peito
uma cidade inteira ruiu nessa dor
não havia beijos, abraços ou metas
não havia mais que cadáveres no leito
o ódio sobrepôs-se sem dó ao amor
procuraram razões eternos ditadores
discursaram políticos a sua febre
culparam os poetas da ruína sem fundo
mas estes, indiferentes aos roedores
Gritaram bem alto a razão da greve
gizando novos poemas para o mundo