Se por loucura eu errar, me perdoe.
Se por instinto eu acertar, me beije.
Se por nada eu não fizer nada, me ame.
Errando, acertando, perdoando, vou amar.
Mesmo não vendo a estrada, vou seguir.
Mesmo não tendo braços, vou abraçar.
Mesmo não lendo a história, vou entender.
Não vendo, não tendo, não lendo, vou amar.
Se me quebrarem as pernas, vou caminhar.
Se me tirarem o calor do corpo, vou aquecer.
Se me furarem os olhos, cego vou enxergar.
Quebrado, frio, cego, muito cego, vou amar.
Mesmo sem a estrada certa, vou chegar ao fim.
Mesmo se a montanha rolar sobre mim vou sobreviver.
Mesmo se perder meu corpo, meu espírito vai ficar.
Sem estrada, soterrado, sem corpo, vou amar.
Só deixo de abraçar se perder o abraço do irmão
Só deixo de andar se me tirarem as pernas de ancião
Só deixo de viver se me arrancarem vivo o espírito, ilusão.
Abraçado, parado, despedaçado, vou amar de coração.
José Veríssimo