Mais nada que não fosse...
Afiar beijos como lápis
partir as pontas aos destinos de bêábás
com ternura
mudar fraldas ao tempo que se mija
pelas pernas abaixo
ressequir
Adornar cegonhas com pesos
cair dos ninhos
Açambarcar prateleiras de tédio
morar numa lata
ser um ponto
uma vírgula
um parágrafo
Um milhafre alvejado em pleno voo
a decadência de um trato de pólvora
num tasco contada
Ser a miséria humana condensada
quase uma obra
o mais perverso dos sorrisos um sol
E num truque de cartas
num golpe de rim
pudesse o poeta serrar-se
muito antes do fim