Um homem baila no fundo de uma garrafa
Tem saia de tule e um cheiro sujo de cachaça
Tem sorriso de almocreve, de caminho afogado
Porta de cinema, em dia de greve fechado
Uma bailarina tomba na música de pontas
Arriscando muito para além das contas
Tem passos que quase parecem de dança
Tem dias que sobram de dedos lassos
Ri todo o maralhal daquela quase afronta
Mas é só barata no fundo d’um copo
Noite feita de estragos de pouca monta
E um velho, fazendo de conta que eu não o topo
Adivinha o tempo num quadro de fundo vermelho