Sucumbi às vontades tão mundanas,
e, fascinado pelas tentações da vida,
tive vícios e paixões todas proibidas,
mas, não quero desaparecer na bruma,
quero voltar para minha Terra Mãe
onde sei que estão meus Mortos.
Sentir mais uma vez a umidade da brisa,
ver o cruzeiro no cume do monte santo,
os ciprestes balançantes,
que enfeitam o pequeno cemitério,
último refugio dos meus Mortos queridos.
Quero poder outra vez entrar na velha casa,
olhar os cômodos, relembrar toda mobília,
arrancar uma cortina de linho tão antiga,
aperta-la junto ao peito, terno beijar a orla,
depois envolver meu corpo como mortalha,
com um sorriso de saudade nos lábios.
E, quando o brilho do sol ao entardecer,
deixar todo o cais cor de ouro escuro,
verei acenderem as tochas de resina,
sentindo o odor do incenso da antiga igreja.
Ouvir os flautins quebrando o silêncio,
o badalar do carrilhão, sinos de prata
anunciando mais um funeral;
as velas alvas das embarcações ancoradas,
e, o soar ao longe do vento na crista das ondas.
Enquanto for um estranho em terra alheia,
minha Alma não terá descanso,
mesmo que veja ao redor um Paraíso,
o que preciso é voltar para meu chão,
para minha Pátria, minha Mãe,
meu Torrão Natal onde ficou meu coração.