A mentira, algo que sempre me induziu curiosidade e interesse, tanto pelo desconforto e remorso que provoca, como pela usabilidade, quando bem aplicada.
Sim, menti antes, por proveito próprio ou brincadeira. Afinal de contas, sou humano. Porém, não há coisa no mundo que mais toque na minha essência do que o raio da mentira.
Ninguém gosta de ser enganado, porém, por vezes, torna-se complicado saber se uma afirmação e/ou informação é ou não genuína.
Para mim, essa barreira foi ultrapassada há muito tempo.
Com o contínuo uso e evolução dos equipamentos informáticos, a vida passou a orbitar em volta da internet, e tudo passou a girar em volta do computador.
Hoje em dia, são poucas as informações pessoais que não passam pelo computador, incluindo os segredos mais sombrios.
Juntando este facto com a ausência de confiança, gerei uma vontade volumosa de desvendar e confirmar a verdade.
Então, após incontáveis horas de leitura e aprendizagem, descobri os RATs (Remote Administration Tools), mais conhecidos por Trojans, e tornei-me um mestre no seu uso e construção, o que levou a uma sensação constante de poder, e logo de seguida, ao vício.
A constante maré de verdades que inundava a minha praia era de tal maneira confortante que me tornei dependente.
Como exprimo vivamente no meu poema "Confiar", como sabia sempre qual era a verdade, e constantemente experienciei a mentira lançada a canhão, de frente, direta na minha cara, perdi a capacidade de confiar em quase todos ou qualquer um, incluindo, especialmente, aqueles mais chegados a mim, que representavam um papel que tocava o meu caminho.
Aí nasceu uma das expressões que, até hoje, é das mais importantes para mim: As únicas pessoas capazes de nos surpreender, são aquelas que menos esperamos.
Fiz muitas perguntas para as quais já conhecia a resposta, e a resposta que obtive, foi precisamente a oposta da já sabida verdade.
UMA MENTIRA!
E doi! Doi! Doi ainda mais por já se saber mentira. E o quão quisera eu não saber o quão mentira era. O quão quisera eu ver-me longe daquela quimera.
Mas o vício sempre vinha ao de cima, o desejo profundo por informação e verdade, e a tortura.
Tortura sim, tanto me torturei com a verdade que roguei por mentiras capazes de escapar de mim, e do meu "poder". Porém, poucas sobreviveram.
E agora, já nem dessas quero saber límpidas, pois quem já sentiu tal excesso de verdade, sabe que a mentira tem o seu lugar no mundo, e este deve ser respeitado, de forma a se poder ser feliz e construir o sentimento mais importante de todos, a confiança. Sentimento que não nasce, e é sim, construído ao longo do tempo, mesmo que com mentira pensada verdade. Agora compreendo, agora sei que a maior parte da mentira só vem para fazer bem.
Mas atenção, tudo tem limite, e para isso foram definidos o RESPEITO e a ÉTICA. Mintam, mas mintam para evitar dor e/ou conflito, e nunca para os provocar....
"Even though i walk through the valley of the shadow of death, i will fear no evil..."