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Enviado por | Tópico |
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Margô_T | Publicado: 09/08/2016 10:21 Atualizado: 09/08/2016 10:24 |
Da casa!
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Re: Fragmento III
A nossa necessidade de criar laços e raízes como forma de nos ancorarmos a este estranho mundo onde assentamos os pés e, com isso, de nos sentirmos mais seguros, não vem trazer o sentido para o absurdo… simplesmente porque o absurdo não tem sentido.
Os teus dois primeiros versos são de uma intensidade deliciosa: “Sinto em tudo/Um profundo vínculo”; mas é nos três seguintes que nos demoramos em meditações… O facto de teres escolhido o som como a fonte de absurdo que não conseguimos ouvir não deixa de ser surpreendente… Seria mais comum o “cegos” já que é pelos olhos que vemos o mundo (e o Ocidente é particularmente visual), mas ao optares pelo som, fazes-nos duvidar daquilo que vemos (nossa principal fonte de percepção do que nos rodeia), lembrando-nos que os nossos olhos são fontes de erros soberanas que caem em ilusões de óptica estapafúrdias e, se não fossem os conhecimentos que temos vindos das Ciências, nos fariam continuar a crer que o mundo é plano. De facto, se fecharmos os olhos e nos concentrarmos no que ouvimos, sentimo-nos (bem) mais absurdos. "Somos todos surdos Procurando sentido Para o absurdo." Mas ele faz-se ouvir por todos os lados… Porém, a questão do comentário de cima é bem pertinente: “ouvindo-se, perderíamos o interesse pelo absurdo ou encontraríamos o seu sentido?” Estou em crer que, se o ouvíssemos, sentir-nos-íamos tão sem vínculos que rapidamente procuraríamos umas ilusões otorrínicas apenas para não o ouvirmos e continuarmos a viver a nossa busca interminável e ilusória (muitas vezes, salutar)… A consciência pesa, por vezes… mas também traz leveza. É preciso aprender a destapar os ouvidos e a ir retirando, muito a pouco e pouco, os vínculos… ou o vácuo nos levará com ele. Estes teus fragmentos agradam-me bastante. |
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