Não podendo suportar mais
A dor da fria e triste solidão
Pus-me de joelhos ao chão
Sentindo a falta que você me faz
Resolvi te desenhar a mão
Num momento de satisfação
Prazeroso, efêmero e fugaz...
Fiz-te com amor de um cristo
Trazia coroa ornada de flores
Onde primavam todas as cores
Quando esbocei os primeiros riscos
Que fizeram transparecer seu sorriso...
Seus cabelos tingi com o véu roubado
Da cabeleira da Noite. Tão bonitos!
Caprichei nos pormenores encantados
Exaltando sua inocente e pura beleza...
No lugar dos seus olhos, pus duas estrelas...
Tudo em seu lugar, no mais alto pedestal...
Seu nariz fiz do mais refinado cristal...
Com meu sangue, seus lábios eu colori.
Com mil astros de chama fosforescente,
Criei os contornos dos seus dentes...
Deixei cair em novelos, suas madeixas
Pelas delineadas e perfeitas orelhas...
Com as cores furtadas dos arco-íris
Tingi os pêlos de suas espessas sobrancelhas...
De fundo um mundo todo azul borbulhando
Seres magníficos e completamente felizes...
A face e a tez foi de luz da lua pálida e prateada,
Tão e tanto que dava para ver as azuis veias
O colo fiz da corola das flores encantadas
O resto do corpo fiz de escamas das sereias
Noites e noites perdi nessa minha confecção
Aprendi com um poeta que tudo vale a pena
Ganhei-te em pintura e esse novo poema
Trago-te e tenho-te mais próximos dos olhos
E dentro deste meu fatigado... Coração!
Gyl Ferrys