Havia num arco-íris um tesouro
Uma moura encantada num monte
Um homem com cabeça de touro
E um ovo bem no meio da ponte
Havia num segundo todo o tempo
Liberdade até para se escolher
Todo o ouro-Íris em fogo lento
Mais o direito a não se nascer
Havia bem no meio da ponte um ovo
Ninguém sabia a quem pertencia
Daqui não saio, daqui não me movo
Ouvia-se de dentro como poesia
Até que a casca estalou como verniz
De cócoras um touro quase homem
E nas mãos a cabeça de quem o diz
Não me julguem pelo que me tomem
Não me obriguem a ser de mim, juiz.