Nas lajes nuas do patamar da vida
Arrasta-se um vulto cheio de dor,
Olha o luar que na noite esquecida
Guiará o fruto querido do seu amor.
Abrigo busca no deserto nocturno
Como fantasma que erra sem norte,
No coração leva impresso o futuro
Da rota sinuosa do caminho da sorte.
Lágrimas rolam pelo rosto torturado
Num lamento de tristeza e de agonia,
Nas entranhas carrega o filho adorado
Que na escuridão será o luzeiro do dia.
Flor desabrocha no humano roseiral
Em noite de tempestade, fria e chuvosa,
Não há estábulo como na noite de Natal,
Apenas o aconchego de mãe extremosa.
A neblina rompe o negrume da noite escura
E o silêncio quebra com vagidos de criança,
Para o mundo nasce nova vida de aventura
Na natividade humilde cheia de esperança.
jose rafael