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O pássaro
sempre em queda
livre
bate as
asas,
sôfrego,
para salvar-se.
Salva-se.
Encontra pouso
num galho,
pedra,
pau,
ou fio
de poste
elétrico
e recupera-se
do susto.
Mesmo sabendo
do vento
sempre ao lado
do ser alado,
a ansiedade
da liberdade
da queda
condena-os, aves.
- Não basta asas,
sussura Darwin
no caixão.
O medo,
(ou a evolução)
trataram de deixar
quem mais quisesse,
no chão.
Veja o pinguim,
elegante e pedestre.
E as galinhas,
que às vezes,
asas,
tentam,
mas nunca subirão.
A pomba,
perfeitamente intacta,
inventou para si
a mentira
que é melhor o chão
onde correm grãos.
A pomba come tudo
para esquecer de voar.
o disfarce da pomba
é que dá ginga ao andado.
Andorinhas adoram
vôos rasantes
rompantes kamikazes,
suicidam-se de mentira
em pacto com vento.
Salvam-se na última hora
em lufadas certeiras.
O urubu,
talvez pela afinidade
com o a mortalidade,
fica plano,
sem medo
ao bel prazer
do vento,
ao léu do medo
de morrer,
da queda.
O pássaro
metáfora
do espírito santo -
a pomba,
voa
mas prefere pés no chão.
Deve haver nisso, lição.
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