Às vezes o telefone toca
A lágrima escorre pelo rosto lentamente
O cigarro acaba sem que eu perceba
E finda por queimar o meu dedo.
Às vezes a bebida acaba
E eu ainda não estou bêbado
Não estou disposto a escorar
O resto da noite na minha cama.
Quando a solidão aperta
Côo mais uma garrafa de café,
E aperto mais um cigarro de THC.
Taco a cara imunda no trabalho
E o que é a vida de um homem
A não ser o trabalho.
Ontem ela ligou
Disse que estava com saudade
E que eu deveria desligar a TV
E ir ao seu encontro.
Às vezes não faz efeito
Não consigo sair da realidade
Por mais que cheire
Por mais que fume.
Às vezes os sonhos são previsões
Acontecem depois de uma semana
Depois que a esperança morre
Que o amor acaba.
Quando penso no que eu sou
Percebo que aprendi a mentir,
Que passei da fase de moleque.
Afinal,
Sou um homem agora
Cheio de vícios e imperfeições.
M.Cardoso