Meu corpo verga, abandonam-me as forças
O peso dos anos, há muito que chegou… e ficou
Neste pedaço de gente ressequido e gasto
Morou outro ser que eu já não sou
Sonho. Avisto dentro de mim
Uma jovem sem idade, primavera florida
Gargalhadas, amores efémeros
A correr de encontro à vida
Nos olhos, o brilho da esperança
No futuro que já passou
No tempo…resta a lembrança
Lembrança que o tempo não apagou
És tu, audaz fantasia
Meu porto de abrigo, salvação
Na descida vertiginosa, desalento em contramão
Rompendo as fronteiras do tempo
És tu que me agarras
És tu que me devolves
Ao meu dourado pretérito, oceano de alegria
És tu, audaz fantasia
Devaneio, irreal, ilusão? Pouco importa!
Neste meu entardecer, em que o ocaso não demora
Meu alimento é de emoções
E tu, audaz fantasia
Dás sentido ao meu viver
E fazes-me acreditar
…nas minhas recordações