O SORRISO QUE O TEMPO NÃO APAGOU!
Há coisas que o tempo não apaga. Quando criança, na cidadezinha interiorana, onde nasci – zona da mata pernambucana -: Palmares. Sempre que me assentava à frente da nossa casa, eu via passar uma jovem mulher trazendo um sorriso contínuo em seus lábios. Apesar de minha pouca idade, aquele sorriso adentrava em meu ser; a minha alma indagava o por quê de àquela mulher ter sempre um sorriso nos lábios... Como era bonita!
Assentada no chão da calçada – coisa de criança – , acompanhava-a os meus olhos... eu, pequenina e ela gigante, em beleza. Olhava-me de cima para baixo... Altiva, elegante, parecia deleitar-se com o meu espanto. Até os seus olhos sorriam.
Quanto poder tem um sorriso!
O tempo passou, porém, o sorriso daquela linda mulher ficou, bem dentro em mim!
Após os longos anos, que se passaram, bem sei que, tudo nela mudou: os seus cabelos embranqueceram; surgiram-lhe, no belo rosto, as indesejáveis rugas... Aquela pele, clara e rosada mudou a sua textura, perdeu colágeno, mas aquele sorriso... Que me transmitia um estado de "Graça”, deve ter permanecido... Oro, para que ela não o tenha perdido. Não perdi a sua doce lembrança...
Tudo isso que parece sem importância, docemente, fez-me aprender o quão importante é o quase nada, do presente, na construção das lembranças futuras, nas vidas dos que, hoje, são crianças.
EstherRogessi,Crônica: "O sorriso que o tempo não apagou", Recife,26/03/13.