Já não me esperas do outro lado do arco-íris
Nem há um pote de ouro a brilhar nos teus olhos
Não há sequer a esperança de um beijo
Na pedra-mármore dos teus lábios
Uma ponte romana a atravessar-te o coração
Findou-se a tua imagem na água do meu rosto
Um narciso definhou na seca deste estranho desejo
Já não resta ninguém dentro de nós
Vês ali ao longe o que fomos?
Repara como os brinquedos parecem ruir das nossas mãos
E o tempo é como uma pasta de chocolate espanhol
Derretendo nos dedos das alfândegas
E os que perdemos por não nos sabermos amar
E os que falimos
E todos a quem estendemos a mão e caíram
Já não estão mais dentro de nós
Estamos estranhamente sós na derrocada do beijo
Não resta mais nada nesta terça-feira de fel
Só a folha em que nos embrulhamos
Mortalha que nos fuma, azia de cactos
Pode um amor morrer de solidão?