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O Chupa-cabras

 
Durante um tempo, auxiliei na edição de um jornal interno, da Associação dos Servidores Públicos de minha cidade, cujo nome era "O Nó Cego", e então, "criei" algumas entrevistas.
Esta é mais uma delas:


Exclusivo: Neste número, vemos o Repórter Nó Cego, em uma tentativa inédita de entrevistar o mundialmente famoso “Chupa-Cabras”.

Nosso repórter chega, finalmente, às onze horas e dezoito minutos no sítio onde havíamos combinado uma entrevista para as cinco horas da manhã, horário em que, normalmente, termina o trabalho desse tão falado “elemento”.

Talvez a demora tenha sido em decorrência da falta de óculos do repórter, ou ao mal posicionamento do mapa que fizemos, com tanto esforço.

Esperamos que o resultado compense os esforços de bem informar deste nosso denodado repórter.

NÓ CEGO: - Bom dia! Eu sou do jornal e estou procurando o Senhor Chuta-cobras.

CHUPA-CABRAS: - Bom dia. Chupa-Cabras?

NÓ CEGO: - Não, obrigado. Acabei de chupar uma bala de mel. Ao invés disso, o Senhor poderia me servir um copo de água, bem fresquinha?

CHUPA-CABRAS: - Tem um riacho ali adiante. Sinta-se à vontade.

NÓ CEGO: - Obrigado. Mas, já que estamos conversando tanto, será que o Senhor poderia me informar onde eu encontro o Senhor Chuta-Cabras? É que eu tenho uma entrevista marcada com ele, e os meus leitores estão esperando.

CHUPA-CABRAS: - Não, senhor, nunca ouvi falar de tal indivíduo. (GRRR...)

NÓ CEGO: - Talvez eu esteja enganado no nome, pois a letra do meu redator é muito difícil de se entender. Pode ser que o nome dele seja Choca-porco, ou talvez Cabra-da-peste, ou talvez Cobra-d’água, ou talvez Chupa-côco, ou talvez...

CHUPA-CABRAS: - Chega!!! O Senhor é um nó cego!

NÓ CEGO: - Puxa, que bom! O Senhor me conhece? É leitor do meu jornal?

CHUPA-CABRAS: - Nunca!!! Suma-se daqui.

NÓ CEGO: - Não fique nervoso à toa, não se irrite... O Senhor está ficando azul de raiva e isso pode fazer mal. É melhor se acalmar. Deve ser falta de companhia para conversar. O Senhor mora sozinho aqui?

CHUPA-CABRAS: - Até agora eu estava muito bem, sozinho, aqui! Já que o Senhor apareceu, eu vou desaparecer. Não suporto mais esse papo-furado. Vou sumir, vou mudar, vou...

NÓ CEGO: - Ah, o Senhor também já notou quantos animais estão com o papo-furado, com o pescoço-furado, com a barriga-furada , e mesmo com os mais diversos lugares-furados? O quê será que está acontecendo? Tem algum bicho esquisito por aqui, o Senhor não acha?

- Calma, meu amigo, calma, caaalma!

- Não coma o meu microfone, nem o meu bloco de anotações, nem a minha caneta!

- Nem o pneu de meu carro!

- SOCOOORRO, o homem ficou louco, SOCOOORRO!...


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Quando falares,
cuide para que suas palavras
sejam melhores que o silêncio.

Provérbio Indiano

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Grande abraço.


 
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velhopescador
 
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Enviado por Tópico
carolcarolina
Publicado: 21/03/2013 18:02  Atualizado: 21/03/2013 18:02
Colaborador
Usuário desde: 24/01/2010
Localidade: RS/Brasil
Mensagens: 9299
 Re: O Chupa-cabras
Poeta

Adorei o seu texto...bem humorado essa entrevista criada para O NÓ CEGO
Parabéns
Abraço
Carol


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/03/2013 22:02  Atualizado: 21/03/2013 22:02
 Re: O Chupa-cabras
Um lindo poema muito criativo. Parabéns pelo belo feito


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/04/2013 20:01  Atualizado: 10/04/2013 20:01
 Re: O Chupa-cabras
Divertido o seu conto! Alegria é sempre bem vinda.
abs

Angela