do fundo do balde sem alças
a alça arrancada da estrela fria
emerge das profundezas da lagoa
depois de tudo quebrou a lente
o Homem ficou cego mas você o vê
impotente ante o frio lá fora
vê o céu o telhado e um covil
sujas suas paredes de papelão
onde há luz sobre cem cabeças
que foram cortadas para respirar
há réstias de alho estampados
figuras coloridas de papel crepom
caem do teto coberto de fuligem
o cheiro de fumaça em tudo
o que você tocar o que puder tocar
o que não vê e não pode tocar
os olhos do Homem cego que não têm luz
recende fogo e fuligem exala fumaça
tente respirar pela palma da mão
quando a mão está gelada e branca
há neve de algodão há algodão na mão
a mão que fia em rocas e fusos
estranhos tecidos de alumínio
costuradas nas vestes exuberantes
das nutrizes mães de virgens vestais
que o Homem cego jamais enxergará.
sentadas lado a lado no altar de pedra
em algum lugar olhando para baixo
balançando as cabeças sérias e tranquilas
há uma janela e uma pedra na mão do Homem
há geada sobre a pedra que quebrou a janela
há geada na janela estilhaçada lá fora
em antecipação a mão do Homem cego
descreve um arco e deixa a pedra no chão de neve