Revoada de pássaros circulam sobre a praça. Estamos em plena primavera. Rosas de cores variadas serpenteiam no ar, impulsionadas pelo vento. E sobre a grama esverdeada exala o perfume das que sucumbiram às alturas. E o poeta na mesma praça, sente-se isolado pela escassez de inspiração para transmitir em versos tanta beleza, E a solidão o invade impiedosamente. Tudo é radiante à sua volta. Até as árvores centenárias exibindo as suas raízes já carcomidas pelo tempo. Mas nada disso entusiasma o poeta. Falta-lhe algo que faça brilhar o seu momento. Lembra-se de primaveras passadas em que a alegria aflorava-lhe o semblante, deixando-o feliz. Mas o tempo mudou e os problemas se multiplicaram. E o poeta levado pela correnteza, também mudou. E já não adiantam as lágrimas que já majoram nos seus olhos. As mudanças vieram e foram radicais. E hoje não sai poesia... A beleza afluente é pouca para composição exigente do poeta, que requer nela sentimento e envolvimento sentimental. Apenas resta esperar da mãe natureza uma inovação.