Bela
Bela era uma jovem voluntariosa, arredia
Mas quem a olhasse à primeira vista, nada percebia...
Tez rosada,
De uma beleza Vitoriana.
Vinha de família abastada,
Mas tinha ideias liberais, demais...
Talvez muito além de seu tempo,
Sua mente estava...
A família já percebera,
E trataram de arrumar-lhe, alguns pretendentes
Sabiam que se não casasse rápido,
Teriam de enviá-la a um convento
Para tornar-se freira.
Pois a libido aguçada da moça,
A faria perder a cabeça...
Mas nada de escolher entre aqueles que lhe apresentavam:
Ela mesma queria ir à sua caçada por um marido:
Rejeitava então, todos que a família lhe indicava.
Certa noite, ao ir ao teatro para um concerto muito esperado,
Deu com seus olhos em um rapaz, do outro lado.
Pegou seu binóculo então, interessada em observar melhor
Aquele belo espécime masculino,
Que despertara seu instintos mais íntimos...
Deixando-a sem interesse na sinfonia,
Mas com calor na pele!
Dessa forma, balançava apressada seu leque...
Fez sinal ao rapaz de longe.
Ele não percebera...
Quando, decidida,
Saiu de onde estava,
E foi até ele!
Bateu em seu ombro, e quando ele virou-se para olhar
Ela ofereceu a mão já retirada a luva, para que a beijasse.
Estranhando tal atitude, de uma moça que não conhecia,
Ele beijou a mão oferecida, mesmo assim:
Para não ser indelicado
E a por em constrangimento,
Perante todos, naquele momento.
Bela murmurou-lhe então ao ouvido:
"Quer casar comigo?"
O rapaz que era efeminado
Tomado do susto, teve um desmaio...
Depois de recuperado, disse-lhe segredando com a mão posta sobre o rosto,
Em sinal de sigilo:
" Meu prazer é outro, mas admito sua impetuosidade e respeito quem vai atrás do que quer, embora não goste de amar nenhuma mulher. "
Bela assentiu, virou-se e voltou ao seu lugar.
A mãe, que notara sua falta, perguntou-lhe:
" Onde foi, Bela?"
Fui tomar uma ar fresco, apenas isso...
Daquela noite em diante, Bela tomara a decisão:
Aguardaria um destino conveniente,
Ainda que fosse a clausura do convento,
Caso não achasse nenhum novo pretendente.
Fátima Abreu