Tu que és tão grande
Tão espesso...
Tão carnal...
O que fazes tu
Fora do meu canal?
Eu sou
Aquilo de ti
Que um dia se materializou...
Que não queria ser verdade...
Mas que alguém um dia criou.
Porque é que me fazes sombra?
Se a sombra aqui sou eu
Sai de dentro de mim
E deixa-me ser quem a chuva me prometeu...
Quisera eu
Que fosse assim...
Deveras simples.
Mas quer fosses tu,
Quer fosse eu
Nada mudaria...
Somos partes iguais da mesma moeda
Corações juntos pelo para sempre...
Tenho pena de não seres real
Porque talvez sejas tu
Aquela por quem vale a pena...
Estou tão cansado de me apaixonar
E da frase consequente...
"Nada vai mudar"
Vai apenas ser tudo diferente...
Deixa-me pelo menos acreditar
Que ainda há hipóteses por considerar...
Estas rimas
Em forma de verso
São conversa de dois seres
Um que o é
O outro que nunca o chegou a ser...
Estou ainda por descobrir
Aquele em que aparento habitar
Porque na maioria das vezes
Somos difíceis de separar....
As suas palavras
As que me não diz
São como a água a cair
Boas de escutar
Mas acabam sempre a fugir...
Invento o que dizer
Versos quem sabe de pensar
Tudo isto sou eu
Ou alguém,
Ainda por encontrar.
César Ferreira.
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