Ele deixou-me
E assim não sei como respirar
Procuro-o em todo o lado
Mas não há modo de o ver reaparecer...
Se ele partiu
Não entendo porque não me levou
Mesmo sem gostar de mim
Eu sempre lhe dei ouvidos
O céu lá fora...
Metáfora do que sinto cá dentro...
A peça já acabou
Mas esqueceram-se de correr o pano
Fiquei apenas eu espalhado no palco
Julgando cegamente, estar só.
Paro,
Respiro,
E liberto de mim...
Palavras que nunca pronunciei.
Rasguei sentimentos
Que nunca sentira...
E despi-me de tudo!
No fim,
Perante toda uma sala em silêncio
Faço a vénia...
Seco as lágrimas
E aceno para o fundo..
Fecha-se o pano.
Soam então os aplausos
Acendem-se as luzes
Aguardam eles o actor,
Para lhe demonstrar o seu agrado...
Mas ele não vem...
Ele já está fora de si...
A caminho
De um qualquer outro,
Alguém...
César Ferreira.
"Há quem conte histórias do começo para o fim...
Eu acabo-as e depois logo se vê se começam."