Se olhar o meu Passado
guardo no silêncio da memória,
sorrisos luminosos,
palavras amorosas,
d’um barco à vela
que zarpou sem história …
Depois, rasguei tantas ilusões,
sepultei mil-mortos na memória,
repintei a minha tela
na glória d’outros corações,
recomecei a minha história,
e novo barco zarpou, sem vela…
E de mim o que ficou?!
Talvez nada dessas dores
porque jorra hoje do meu Ser
o que o amor em mim selou!
Oh Tempo …
… vem adormecer aqui
esses teus medos,
porque para mim a Vida,
hoje, já não tem segredos!
Entrega-te sem pudor e sem desejos,
abandona os teus desertos,
revela no meu Ser esses segredos!
vem em mim sonhar,
e deixa os pântanos secretos
que ainda nos podem Separar.
Mas não fiques ao abandono
em olhares tão vazios,
porque o peito onde adormeces,
ainda não é meu, é do Frio.
E quando ao despertares,
num longo sobressalto
perceberes que não sou Eu,
correrás p’ra m’encontar,
e num tempo mais alto,
estarei Eu, neste Poema,
a Sonhar!
Oh Tempo, desperta,
não percas tanto Tempo
porque estas palavras tão secretas
podem ser levadas pelo vento …
Ricardo Louro
P.S. À querida Dina num profundo abraço vertical na dimensão intemporal da Alma …
(aquando do seu aniversário A 14 de Março de 2013 no programa Portugal no Coração).
Ricardo Maria Louro