Dentro de um autocarro, tendo cerca de 9 pessoas, incluindo o motorista.
Percorrendo a ponte, lá íamos todos sentados, cada qual no seu canto.
Os vidros estavam embaciados, com uma temperatura de gelar os ossos, no exterior, chuviscava e, no horizonte, apenas se observava a escuridão do rio Tejo, com ténues luzes de edifícios e a lua espreitando por entre as nuvens.
Sentada ao pé da porta intermédia, analisava situações, algo que já me é habitual.
Fui fazendo analogias e análises, algumas destas as seguintes:
“Queres que ‘alguém’ se encarregue do teu destino? Que comande a tua vida, os teus caminhos e que tenhas, somente, um papel secundário? Queres deixar a tua a vida passar, assim, sem mais nem menos? Tudo te passa e tu poderás estar a perdê-lo…”
“Todas estas 9 pessoas têm histórias de vida diferentes e todas elas são diferentes. Cada uma delas pode não ter importância nenhuma na minha vida, são-me indiferentes. Mas cada uma tem a sua história. Cada uma tem a sua marca na sociedade. Cada uma destas pessoas tem o seu próprio mundo, mundo esse rico de vivências, sejam elas quais forem. Com tanto historial, encontramo-nos todas num mesmo sítio, próximos uns dos outros e, devido a evoluções da sociedade, talvez, nenhuma palavra é pronunciada, nem um são trocados olhares, com medo de comprometimento a algo.”
“Como será estar no papel do motorista? Passar horas e horas, mesmo que interrompidas por algum tempo de descanso, levando pessoas aos seus destinos? Será feliz? Como será a sua vida? E aquela senhora, que será que ela faz na vida? Que histórias terá para contar?...”
E assim, os meus pensamentos se vão misturando e relacionando-se uns com os outros. Pensando em mil e uma coisas ao mesmo tempo, questionando estes e tantos outros aspetos…