Cruzamos de noite os dedos, e as bocas
mastigam cúmplices silêncios, engolem
gemidos, e mordem-se dentro da saliva.
Os lábios castigam-se, ardem vorazmente
sobre o lodo, de um manancial de rostos
impressos nas sebes dos teus braços, onde
a fotogenia se exibe na seiva dos teus olhos.
Gumes de luz rasgam-nos o corpo, avanças
como um nómada à procura do musgo
molhado do meu estro desabitado.
O silêncio resume-se, dentro das palavras,
sobre o sísmico bramido do último capítulo.
Conceição Bernardino
Concurso – audaz fantasia