Poemas : 

MANDA CHUVA SINHÁ

 
O sabiá canta, canta, canta sem pará...
Numa maistria singulá gurgeia triste o solitário sabiá.

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

Ele sempre aparece lá in -casa
Da pitêra vuô pra laranjêra
dispois posô na úrtima régua do currár;
Paricia afoito, disorientado...
Mais, seu sembrante cansado num te impidia cantá!

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

Cantô tanto qui paricia num suportá o peso das próprias -asa
Qui di-tão pesada arrastava no chão;
O sór tava mémo a assolá o sabiá que insistia cantá.

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

O tempo era de seca, seis mêis qui num chuvia
a coisa tava feia nem brisa nem ventania
o ar tava parado as foia nem mixia
e no arto dos serrados arado ocê num via...

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

O fogo in -labarêda consumia matas em preservação
morreu cobra, macaco, canário, jurití, inté azulão...
os qui iscaparo tivero qui ritirá, tristes da vida como aquele sabiá;

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

Passava de trêis e meia condo o tempo foi fechano
inhanti das quatro da tarde o sór já tava entrano...
O sabiá curioso pru céu ficô ispiano
o revorto das nuve qui dipressa vinha chegano.

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

Desta veiz, bem mais animado, vuô pra grimpa du laranjár
De onde assistia a vaca maiada desceno para o currár
a cabra montês com sua cria qui-dava sarto de aligria, e
festejava a chegada daquele tão isperado dia.
No chão moiado criscano os pézin curria riscano as-asinha
brincano e pulano iguár minino macho - filiz da vida -
agora sem supricá: “manda chuva sinhá”.

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Autor
Mandruvachá
 
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Enviado por Tópico
velhopescador
Publicado: 14/03/2013 19:08  Atualizado: 14/03/2013 19:11
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Usuário desde: 01/03/2013
Localidade: Marília-SP Brasil
Mensagens: 1092
 Re: MANDA CHUVA SINHÁ
Manda chuuuuva, Sinhô,
que a seca tá muito brava.
Iscuita só o sabiá,
qui num para de cantá,

i o tempo aqui tá fervendo,
num tem cara di inverná
o gado tá tudo morrendo
num tem água pra sarvá

as cacimba si secaro
secou o pé di juá
água? só no meu zóio
qui num para di chorá

Sinhô! manda uma chuva manera
pra sarvá os animar
i sarvá este sertão

Sinhô, inté faço uma promessa
c'a Maria eu vo casá!
eu juro com devoção