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Cata(dores)

 
Cata(dores)
 
Por baixo do céu,
sobre um palco escalado,
bailam disparidades.
entre nuvens pretas; pássaros
esfomeados e monte colorido; lixo
amontoado, há braços
catando achados...


Escaladores!

as flexões de corpos brilham
seus suores com luzes de latas...
É a ribalta!

Não muito longe
outros pássaros de casacas
estufam as plumagens
fazem festas:

- Vejam, vejam, aquele manejo de dança
chama-se ‘ecologicamente correto’.
Cuidemos da camada de ozônio
com nossas reciclagens...

Aplaudam!
Eis a seleção do lixo!

Vejam aqueles sorrisos - contidos –
acharam algo com brilho...
Um pedaço de alumínio,
Uma tira de cetim
(ou fruta inda não carcomida...)

uma mesa três pernas,
servirá praquela flor de plástico
E o recipiente de vidro
dará um lindo vaso...

(se sonharmos com enfeites
não teremos ‘trocados’...)

- Eles dançam,
dançam...
e nunca se descuidam dos pés,
sempre olhando por onde pisam,
não pode haver descuidos
com as preciosidades...

Flexionam os corpos e
não perdem o compasso
juntam
juntam o que está extraviado
pegam o que foi descartado...

(este pão vencido é recompensa de uma oração, enrolemos num trapo pra garantir a refeição)

Por baixo d’algum céu
tem pessoas
atuando essas realidades...


Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

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MarySSantos
 
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