Ali estava ele
sentado em cima da rocha cinzenta e dura,
Olhando a água que deixava a sua imagem transparecer,
(Um tanto suja outro tanto pura),
Vendo desfocado aquilo que tinha sido
Nem imaginando aquilo que iria ser.
Sorriu (ou tentou),
Mas esse sorriso
naquele reflexo se disfigurou.
Não era um sorriso,
Não era uma lágrima,
Retratado ali naquela àgua,
Era incerteza,
Talvez mágoa.
Olhava as estrelas,
Sentia o sol que ali ainda não habitava,
Ouvia a brisa modesta,
E um novo rumo procurava.
As suas botas,
(arrumadas ao lado do rio),
Estavam lavadas em lama,
Rotas e abatidas,
Como quem por a morte chama,
Já desgastas e sofridas.
Em frente dos meus olhos,
Ele caminhou na terra fria,
Fixava o horizonte,
Não chorava,
Não sorria.
Vi os seus pés a sangrar,
Senti a dor que ele sentia,
Mas ele não mostrou chorar,
E também não sorria.
Abandonou as folhas ao vento,
Todas elas escritas com as palavras de esperança
em que já não acreditava,
Mas ele não sorria,
Ele não chorava.
Tropeçou,
Levantou-se...
Não chorou,
E nenhum sorriso à sua cara trouxe.
Não ouviu os tick-tacks abandonados
por entre as àrvores,
Não escutou os segundos que lhe segredavam,
E a sua boca não sorria,
E os seus olhos não choravam.
Observou cada um deles,
Todos eles...
A voarem...
Os sonhos que foram
e que não encontraram rumo para voltarem.
Lavou-se da esperança na chuva,
Continuou vagabundo na solidão..
Não chorou a tristeza,
Não sorriu ao perdão.
Então ele parou,
Em frente a um grande buraco no chão,
Nele jaziam rosas vermelhas,
Nele pregavam palavras de insatisfação.
Ao céu a sua cabeça ergueu,
Ao céu os seus braços abriu,
Foi no buraco onde ele caiu...
Não chorou...
...Mas sorriu!
Ficou abandonado,
No buraco do chão,
Com ninguém a seu lado...
Apenas a solidão.
Assim ficou deitado,
No chão onde já jazia,
Morto e na solidão,
O menino...permanecia.
Laura Justino
Lau'Ra
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