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Amor dos Arcanos

 
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Eu tenho esse desejo:
Louco. Tanto que me perco
Em pensamentos sentidos, sofridos.
Calado gritante. Em atos que transformam fatos.
Contrastados, afastados.
Em um oito ou oitenta, sem certeza de nada.
Mas que começa.
Se empertiga.
Se atormenta.
Como um Mago iniciado num problema insolúvel
Que sem saber, sabendo. Querendo,
Mesmo sem poder. O tendo.
Não o querendo. O quer.
Que dá seu primeiro passo.
Numa resolução irresoluta.
Num caminho qualquer.

Tenho medo.
Medo de você e de mim.
Medo de tentar de novo neste ciclo sem fim.
De dor, amor, prazer, pudor, calor e novamente dor.
De fazer uma loucura, como Joana das lendas romanas
A papisa de um dom, que com força.
Caminhando entre todos, sem ser percebida. Está lá.
Que dita o caminho de um crescimento.
Que machuca. Que dói.
Que alicerça essa dor no fundo d’alma.
Escondida, enclausurada em seu próprio pesar.
Num sorriso de Monaliza, imprecisa.
Como quando olho tua foto
Sem saber o que fazer.

Quer fazer uma loucura? Eu faria.
Fazer-te-ia juras de amor eterno.
Sabendo que o eterno não dura.
Desgasta-se. Transforma-se. E mata.
Mata em mim qualquer coragem,
De esperança, de um sorriso e de uma certeza.
De esperteza. Que me aprisiona.
Num abandono auto-imposto.
Pois sou cúmplice nesse crime e castigo não planejado.

Eu sucumbiria ao teu poder ó imperatriz soberana
Como um súdito leal. Porém desconfiado. Auto-preservado.
Punindo e infligindo a teu legado. A mim mesmo.
Que agora é todo dor. Pesar.
Com tua ausência tão presente.
Carente. Mesmo sorridente. Sem saber qual caminho pegar.
Perdido. Pois você faz, fez e fará parte mim.

Sou e fui um Imperador soberano. Forte e Fraco.
Mas que exerce seu poder. Num eterno ciclo sem fim.
Com incertezas tão certas. Que parecem ignóbeis diante do teu esplendor.
Com sorridos. Impropérios. Dá a sua sinceridade obliqua.
E ao teu olhar de Capitu. Com conquistas verdadeiras.
Que se desfazem no ar.
Se espalham como cinzas
De um corpo cremado sem alma a ressuscitar.

Cretino como qualquer homem.
Plácido e límpido como um folha em branco.
Riscada, rasgada.
Que se perde diante de um amor.
E vai com o vento, sem mais nada a perder além da razão.
Nesse amor passageiro, cheio de suspeitas.
Concretas. Certas e Passadas.
Que não importam mais em nada.
Sendo e querendo ser teu. Aliás,
Sou teu, um ateu em busca de respostas.
Que grita pelo teu nome nos teus sonhos.
Que clama aos céus, a terra, ao Papa e a Belzebu.
Que move montanhas, mas que hoje cai
Num triste sonho pesadelo de amor.
De um abismo sem fim,
Rodopiando, tonto.
Perdido no ar.

Como eu gostaria de um amar de novos Enamorados,
Dar-te-ia o que me foi pedido.
Louco pelo calor do teu ventre. Dos teus beijos, abraços quentes,
Da tua cabeça em meu peito. Sorridente. Triste.
Acolhedor.
Aprendi minha lição.
Da união e da dúvida de dois seres, que se completam, sem se anularem.
Que buscam um ao outro na paixão, na compreensão
Na razão inexistente de existir pelo outro, sem outro.
Sem compreender por que tudo ficou para trás.
Tudo se perdeu, deixou de existir.

Como num carro de uma montanha russa
Que sobe e desce, gira, diverte, amedronta.
Com altos e baixos, coisas da vida.
Seguindo reto pelo caminho traçado,
Destinado ao futuro incerto e na direção de nós dois.

Catapum. Ó acidente fatal. Dois para cada lado.
Já estávamos assim.
A justiça divina pesando a balança do amor.
Cataplam. Pende-se para um lado o dissabor.
O amor e a paixão para outro.
E cada um ensimesmado
Trata as fraturas da batida do coração.

Agora sou um Eremita, ansioso pelos teus abraços
Bruto, pelas tuas lágrimas
Cômico pelo teu sorriso
Inabalável em um eterno fracasso.
Sem uma lágrima para derramar mesmo com coração partido.
Carregado. Para ser transplantado em outro homem
Que começa a existir.

Queria chorar no teu colo
Abraçar-te e sentir-me forte de novo
Mas é tudo tão novo. O brilho forte dá luz.
De um parto, partido num dúbio significado.
Na cegueira da escuridão. Sem visão.
No horizonte, só tempestade.
Num giro eterno que a roda da fortuna promete

Céus. Inferno. Anjos. Demônios. Alegrias. Tristezas.
Júbilo. Dor. Ó dor que não se vai.
Estes assaltos de altos e baixos para recompensar essa a dor
Que sempre torna a vir.
Mais forte, mas pungente a cada instante.
Menos aparente, mas tão dilacerante quanto da primeira vez.
É mostrar no esplendor que nem esteve ali.
Éramos dois. Quero ser dois novamente.
Quero recomeçar a girar.
Quero gritar.
Quem é você? A observar. Será que estás acima?
Ou embaixo?
O que fazer?
Para que tentar?
Por que procurar remediar o que não tem remédio?
Não sei. Não sei.

De uma esquina a outra eu sequer contei quais passos dei
Foram errados? Não. Não foram calculados.
Sei que agora estou perdido.
Perdido sem querer sem encontrado.
Querendo ser pego pela mão para levantar a cabeça
E pedir perdão. Perdão por não acreditar
Que é possível recomeçar.
Sabendo eu que sem essa sua mão,
Não conseguirei chegar lá.
Conseguirei sim!
Busco a força para conquistar novamente o amor
A paixão. A razão e o equilíbrio.
Sempre estou sozinho mesmo. Que se foda!
Pois ali mora o amor que preciso encontrar.
E acharei. Por isso não choro. Não me desespero.
Aceito.
Pelo menos é isso que imploro ao meu peito.
A minha cabeça.
Ao meu próprio amor.

Rezo mesmo estando enforcado, dependurado,
Amarrado por um pagamento sem crédito.
Largado a sorte. Pois onde você está?
Onde se meteu?
Por que me abandonou à sorte?
Girando, preso numa armadilha que surgiu
De uma brincadeira de esconde-esconde.
Que nem você previu.

Por que você me deixou beirando a morte.
Querendo-a, observando-a ao longe.
A quem? A morte?
Eu a observo e quero.
Você passado?
Você presente que surgiu?
Não me cabe responder.
Leia nas entrelinhas do meu coração confuso.
Dilacerado. Sem sentido.
Será o recomeço? O nascimento? A morte é isso.
A poda para uma nova colheita? Não é?
Não sei. Sei. Quero saber como o mago que quer aprender.
Entender. Sentir. Fluir.
Foi , é e está sendo a morte para mim.
Busco-a sem saber, novamente sabendo.
Querendo-a, pois é melhor do que a dor guardada aqui.

Será possível que para tudo tem que ter esse remédio amargo?
Mas você é um anjo. Que passou. Que surgiu.
Não há comparação. É tudo tão diferente.
Foi outro anjo que partiu?

É tudo tão igual no presente.
Ó caminho duplo. Encruzilhada traiçoeira.
Sentimentos malditos que a cabeça não compreende.
Será um anjo que veio a mim.
De que outro modo estás estando comigo
Faz-me esquecer da dor passada.
Quero o caminho certo.
É uma afirmação. É uma oração.
Vocês não são anjos?

Dá-me harmonia, temperança, segurança.
É o que eu quero, mas você some.
Onde te busco? Volto atrás no passado?
Quero o futuro. Não. Para o diabo.
Não sei o que fazer. Acredito querer o presente.
Quero acabar o passado. Quero largá-lo nas suas piores lembranças.
E somente guardar as melhores.

Tudo está trancafiado em meu peito prestes a explodir.
Quero sentir. Quero gritar. Implorar para sua presença.
Quero apenas. Chorar. É o que preciso.
Chorar amargamente, alegremente.
Em teu colo, ó desconhecida que se tornou.
Quero ver que você está aqui, comigo.
Fazendo-me, se fazendo. Criando os dois, um de novo.
Crendo que não é assim. Loucuras. Como tantas.
Mas é. Tudo é tão confuso.

Do alto da casa de deus. Da beirada da torre de babel
Quero me atirar, sabendo que ao cair
Não vou despencar como o louco ou ser amarrado pelo pé
Dependurado.
Pois a roda gira e você está comigo.
Esteve. Estará. Está. Será?
São tantas coisas em um lugar só.
São tantos eus em mim.

No final só observo as estrelas,
Lembrando da estrela que você foi para mim.
Observando a estrela que há para mim agora.
Troco minha visão para a lua.
Olho para baixo.
Pondero. Não quero e quero.
Estou preso.

Ó Lua.
Que oculta minha dor e vê tudo o que já vivi.
A lua dos enamorados, a lua do solitário.
Minha confidente de tantos anos.
Minha amante, mãe, senhora, professora.
Que obriga a esconder minha vergonha.
Que me faz aprender com ela.
Que faz entender meus medos insensatos.
Que os abnega assim como meus anseios.
Meus receios.
Agora olho a estrela cintilante da aurora e a do poente.
Sem saber o que fazer. Quero desesperadamente o sol.
Procuro o sol. Mas ele é quente.
Queima meus olhos.
Brilha numa esperança de um novo dia.

Mas amo a lua.
E não tenho forças para um julgamento desses
sem precedentes. Quem sou eu?
Você, eu sei, foi importante para mim.
Julgo-a culpada.
Você, outra, é importante para mim agora.
Julgo-a culpada.
São duas uma. Ou são passado, presente e futuro
De dois eus.
Mas que loucuras estou a escrever
Se o julgado sou eu. Jogado no mundo.
Sozinho, a procura de um amor perdido.
Da paixão pedida tão cruelmente e que me fez perder o amor.
Quão complexo é tudo isso. Qual dúbio e proposital eu o faço aqui.
Quão verdadeiro foi o amor.
Qual verdadeira são as sensações novas de liberdade, solidão e amparo.
Quão inexorável é a sensação limítrofe do acaso
Que por acaso aconteceu, sem acaso, mas por descaso meu.
Teu? Nosso.
Que houve com onda que jogou tudo à areia de uma praia deserta
Se foi e voltou. Não a mesma. É outra.
O que fazer?
Chorar e morrer ali.
Levantar, pegar os pedados e continuar.
Viver é o certo. Mas não há certo nem errado.
Ninguém julga ninguém. Ninguém sabe o que realmente passa
Na cabeça, no coração, no conjunto dos dois que forma outra coisa
Inexplicável.
Há escolhas, há um tempo paradoxal
Atemporal. Que passa rápido demais.
Que demora tanto agora.
Fundamental para que tudo volte como era antes.
Impossível. Tudo é diferente agora.
Tudo culpa do inicio iniciado
de uma loucura mágica
Para criar um novo mundo.
No fim. Não sei. Desgastei-me.
Não chorei e era apenas isso que ansiava.
Do seu colo. Um abraço. Infindável.
Cabeça no peito. Sonho de aleito.
Para transportar-me do pesadelo
Para o sonho. Sem dormir. Sem acordar.
Somente tentando abraçar. O mundo.
Que acabou sem acabar.

Raul
10/12/2007.


Oh ego Laevus!

 
Autor
Raul de Oliveira
 
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