Na solidão da fazenda, tendo como companhia o Asturo, cavalo negro de patas brancas, apenas predomina em mim o desejo de sorver vinho e mergulhar nas águas frias da piscina azulada que se encontra a poucos passos. Também, a poucos passos, jaz o meu violão silenciado pelo desprezo deste poeta, que deixara há pouco de ser seresteiro. O dia amanheceu belo embora houvesse prenúncio de chuva. Distante, as árvores esverdeadas que sombreiam grande espaço, são visitadas constantemente pelos pássaros regionais, que emitem seus cantos saudando o alvorecer. E ante essa paisagem, o poeta esquece-se de sua existência, concentrado totalmente na beleza reinante. E não poderia ser diferente, pois ali se encontra em férias. E na sua concentração não pode evitar o desejo de que chegue a noite, quando pessoas da vizinhança, mormente belas mulheres sensuais, que visitam a sua fazenda ao escurecer do dia para prosar e enriquecer o espaço com suas vozes melodiosas e seus gestos lascivos que inebriam o poeta e fazem seu momento mais feliz. É nessa ocasião que o violão sente-se abraçado e libera suas notas, à proporção que do seresteiro ecoa a voz aguda rompendo o silêncio das quebradas das serras. E o sentimentalismo é liberado com os beijos e abraços sociais que se seguem. E só ao raiar do sol, o grupo se desfaz feliz e no aguardo de novo anoitecer. E as brasas, antes incandescentes, vão-se lentamente e
Já não circula pelo ar o cheiro do churrasco...