O dia vai terminando
O sol também vai partindo
E eu aqui vou sonhando
Pensando na vida e sorrindo
Converso com o meu pensamento
É tudo tão prazeroso
Vou curtindo esse momento
Que é tão suave e gostoso
Sozinho no banco da praça
Olho tudo ao meu redor
É tanta gente que passa
E senta ao meu lado um menor
Diz que está vendendo bala
E começa a explicar:
"Minha mãe ta precisando
E não pode trabalhar"
"Lá em casa é triste moço
Não tem paz nem alegria
O meu pai bebe cachaça
E bate em mamãe todo dia"
"Não pense que eu to mentindo
Minha história é verdadeira
Se não quiser vou seguindo
Não estou de brincadeira"
"Não posso ficar parado
Pra vender preciso andar
Sentei aqui do seu lado
Pra ver se o senhor quer comprar"
"Se achar que eu mereço
Compra que custa um real
Levando um saquinho de bala
Me ajuda na moral"
Tão comovido fiquei
Com a história do garoto
Comprei um saquinho de bala
Dei cinco e não quis o troco
O moleque agradeceu:
"Valeu tio, sangue bom!"
Levantou, seguiu em frente
Gritando alto em bom som:
"Olha a bala quem quer bala
Vai freguês adoça a vida
Tem de mel, menta e limão
Só não tem bala perdida"
E naquela praça tranqüila
Sentado no banco fiquei
Pensando naquele garoto
Que nunca mais encontrei
© Magno R Almeida
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