não gosto da idéia de espíritos.
quando morreu geraldo reis,
deram-lhe uma biblioteca
na câmara de raposos.
biblioteca dura para sempre,
eu acho.
quero ter uma também.
não depois de ter morrido
como morreu geraldo reis.
prefiro uma biblioteca
igual a que deram
ao silas do pompéu:
eu vivo! vivinho!
quero biblioteca
com livro de Voltaire,
manuel bandeira
e neruda.
quero placa na porta e tudo.
quero andar dentro dela
sem atrapalhar ninguém.
não quero voar entre livros,
invisível.
quero vê-los de corpo inteiro,
colocar pétalas de flores
entre suas páginas,
derramar perfume sobre todas elas
e depois entregar de mão,
nas mãos da mulher amada,
pra que ela, ao ler,
e se embriague no perfume
que derrubei, propositalmente.
quero que ela encontre, envelhecidas,
as pétalas que lhe destinei,
e que intercalei entre páginas,
só para isso,
e guarde-as,
despistadamente,
entre os seios rijos,
e as leve pra casa;
e de noite,
quando for dormir
coloque-as uma por uma
sobre o leito,
onde irá pousar o corpo
e se deleite com lembranças de mim
eternamente.
23/01/08
Leia de Wagner M. Martins
FALA, FILHO DA MÃE!!! - Capa Paulo Vieira
UM BICHINHO À TOA. - Capa: Camilinho
Participação:
Livro OLHA PROCÊ VÊ! de Elias Rodrigues de Oliveira
No prelo:
UM INTRUSO NO QUINTAL