Na linha onde o deserto acaba
Com as areias a dançarem
no olhar calado
caminhei em céu molhado
mil légua em busca da grei
era a miragem no fundo do sonho
com a utopia a versejar
melodias com eco nas rochas
sem mar nem margem
onde descansar...
Enrolei o pensamento
na mortalha do momento
não dei ouvidos aos fantasmas
que se elevavam vestidos de nuances
disfarçados de sol
na tempestade a rasgar-lhe o peito...
Entreguei o corpo cansado
ao areal infindo
onde a voz dos poetas
não chega para desenhar
as palavras que rangem
nos dentes que cantam
sem murmurar...
Encontrei a paz
na linha onde o deserto acaba
dentro do meu sondar
sem nunca a abandonar
mesmo que o deserto
seja uma sede imensa
e os ventos uma contrária maré...
A cor da viagem
é a alma que a contém
seja a viagem um solitário instante
ou um caminho distante
repleto de multidões...
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...