Poemas : 

Da estranha anatomia dos ventos

 
Vens lavar-me os pés com as minhas lágrimas

Perguntas-me pelos poemas para me enxugares

E eu, como um arroto de Deus, como um sapo

Expludo em pés de laranja-lima, depurado



Mais tarde, no recanto absurdo de um coração

Planto hortas, corto voos aos patos, mato galinhas

Sou muito mais que uma navalha, o corte



Rio-me de pássaros, rasuro aviões que passam

Jogo à bola com um sorriso de trapos



E no mais recôndito de um afago

Entre o desejo e a carne

Há um veleiro morto num quintal



Pode soprar o vento por umbrais

Pode haver um querer maior que cais

Pode haver facas onde nunca se suspeitou de

punhais


E o amor ser até um somatório de coisas banais

 
Autor
José Torres
 
Texto
Data
Leituras
1322
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
14 pontos
4
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/03/2013 09:34  Atualizado: 02/03/2013 09:34
 Re: Da estranha anatomia dos ventos
Um belíssimo poema, encanto

Enviado por Tópico
fotograma
Publicado: 02/03/2013 12:46  Atualizado: 02/03/2013 12:46
Colaborador
Usuário desde: 16/10/2012
Localidade:
Mensagens: 1473
 Re: Da estranha anatomia dos ventos
há algo de especial em sua poesia que pede mais que
um comentário genérico do martinis

brinde-nos com mais delas

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/03/2013 13:43  Atualizado: 02/03/2013 13:43
 Re: Da estranha anatomia dos ventos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/10/2014 06:05  Atualizado: 06/10/2014 06:05
 Re: Da estranha anatomia dos ventos
cruzes q coisa hoje é minha madrugada de encontrar tesouros exóticos,o comentário do foto justifica, realmente suas palavras em construção,formam metáforas fora de série,gostei