" ... agora vai sendo por inteiro sorvido pela névoa bailarina,
mergulhando as alvas velas na neblina... "
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O barco deslizava suavemente
como na superfície do espelho,
as brumas do nevoeiro antevia,
silencioso e ligeiro ele ia.
O sol quase frio não transmitia
calor do verão, parecia triste,
tíbio na praia ainda insistia,
aproveitando últimos momentos,
teimosamente com raios dourando
palmeiras e coqueiros sonolentos
ao som da tépida brisa sonhando.
Sob o sol ainda portentoso.
funde-se ao mar, o céu brumoso,
e a maré de ondas adornadas.
As cristas de areia alvejadas
moviam-se silenciosamente,
rumo à água transparente,
até serem tragadas pelo nevoeiro.
O barco agora vai sendo por inteiro
sorvido pela névoa bailarina,
mergulhando as alvas velas na neblina.
Folhas balançam como um véu,
parece que barco, água e céu,
ouvem uma melodia soando,
tomando conta do lugar,
tudo em harmonia a bailar,
aquecidos por um quase esplendor do sol
já desenhando no horizonte o arrebol,
atraindo o fim de tarde a afagar
um cálido clima de ternura sem par.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."