o cigarro acaba, saio da quarentena quase esquecido da cor azul do céu. bem mais que eu, o céu está nublado e as pessoas ao redor, cheias de cinza. vago pela rua a passos firmes, na saga curta por um boteco, e acho graça, mas também deprime quando uma nuvem paira sobre mim. compro fiado um maço e fósforos. prometo que pago amanhã com a mesma tranquilidade com que jurei amor eterno à minha primeira namorada. ela era uma daquelas moças para quem se jura amor eterno e logo se esquece, mas finge que não esquece pra poder lembrar. saio do botequim com um cigarro a menos porque aconteceu de o apêndice do quartinho de cachaça ser fumante inveterado. merda, começou a chover. aproveito a saída, sento num canto do botequim. acendo um cigarro. lá se vai minha promessa de amor eterno.