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NAQUELE NATAL

 
NAQUELE NATAL
(Ivone Carvalho)


Não haveria festa, nem presentes,
Os sonhos estavam ausentes,
A mesa, como sempre, vazia,
Motivos para alegria, não havia,
Roupas novas, nem pensar!
O pé descalço precisava caminhar.
Corpo cansado, nem banho podia tomar,
Sentia fome: no estômago um ronronar.

Uma tristeza maior surgiu de repente,
Sentou-se na calçada, apertou a mente,
Fechou os olhos e tentou recordar.
Se algum dia, em sua infância,
Foi realmente criança,
Se um brinquedo pôde ganhar
Do chamado Bom Velhinho,
Quem sabe de algum vizinho,
Ou de algum familiar.

Por mais que se esforçasse,
Não conseguia lembrar!
Teria sido esquecido,
Ou esquecera de gravar?
Não tivera bicicleta,
Bola, boneca ou pião?
Uma camisa de atleta
De algum time campeão?
Nem mesmo um sapato novo
Que tirasse o seu pé do chão?

Sentiu os olhos chorarem
Às lágrimas deu vazão,
Sentia frio, sede e fome,
Queria um pedaço de pão!
Da roupa, não precisava,
Pois o frio que o gelava,
Vinha do coração!

Deitou-se ali mesmo, encolhido,
Maltrapilho, aborrecido,
Sentindo a fome apertar.
Decidiu que dormiria,
Pois, quem sabe, sonharia,
Com um lindo despertar!
E foi nessa posição,
Que, no ombro, sentiu a mão,
E doce voz sussurrando,
Pelo seu nome chamando,
Enquanto os sinos tocavam
E os anjos anunciavam
A chegada do Natal,
Num cenário sem igual.

Luzes, fogos, brilho no céu,
Tinha até Papai Noel!
Crianças fazendo a festa!
Não distante, uma orquestra
Tocando em harpas e liras,
A mais linda melodia,
Que algum dia ele ouvira!

Os presentes eram flores,
Das mais variadas cores,
De perfume angelical.
Toda roupa era igual,
De um branco magistral,
E calçado, nem precisava,
Pois seu corpo volitava!

Entre sorrisos e hinos,
Viu anjos pequeninos,
Que a ele contemplavam.
Foi assim que viu a Luz,
E ouviu o Menino Jesus,
Que à sua alma sussurrava:

- Venha, Filho, hoje é Natal,
Para mim, todo filho é igual,
Seja velho ou criança.
Tenha Fé e Esperança!
Não me importa sua pobreza
Da vida material.
Use da alma, a riqueza,
Vá à luta com destreza,
Ponha comida em tua mesa,
Busque a água que te sacie,
Em vez da lágrima, faça Oração,
Segure na minha mão!
Siga sempre o meu caminho,
Aprenda a ver nos espinhos,
Da flor, a proteção.
Abra o teu coração!
Ame-se como a Mim mesmo,
Não mais queira viver a esmo,
Esqueça qualquer fracasso!
Eu te carrego em meus braços!

- Faça do Meu aniversário,
O momento corolário,
De Fé e Dignidade!
E busque a prosperidade,
Dentro do teu coração,
Vivendo sim, de verdade,
Sem mais dormir nesse chão!”



 
Autor
IVONE CARVALHO
 
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Enviado por Tópico
Paulo Gondim
Publicado: 09/12/2007 12:21  Atualizado: 09/12/2007 12:21
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Mensagens: 449
 Re: NAQUELE NATAL
Esse é o verdadeiro esprírito de natal: nasscer e, di preferência, crescer, sem frustrações, porque da maneira como se festeja, hoje, é mera fantasia e não leva a nada.
Parabéns pelo poema!
Abraços!!