Às vezes - muitas vezes - procuramos pessoas para CONVERSAR, DIALOGAR... enfim, alguém para ouvir e argumentar - sem medo - as idéias, as emoções, e os pensamentos que nos afetam.
O mundo nos oferece um leque mágico de informações novas a cada instante, mas, nos sentimos pequenos diante da "demanda" das informações através de uma simples conversa - sem medo de comprometimentos sofridos.
Quando tentamos nos comunicar com as pessoas que amamos - ou que apenas sentimos afinidade - topamos sempre com uma dualidade de sentimentos, argumentos... e um certo MEDO de não se comprometer com nada e com ninguém.
- Por quê???
Dentro de nosso(a) melhor amigo(a), não encontramos mais uma confiança inocente, mas mil formas de desviar de todo e qualquer assunto um pouco mais profundo...
É como se nossas mentes estivessem sendo monitoradas à distância, transformando-nos em seres vazios, indiferentes e omissos diante de uma simples conversa que, para alguns, representa a libertação de grilhões internos. Nunca mais conseguimos conversar calmamente, sem que nosso(a) parceiro(a) de diálogo repentinamente se omita de uma resposta do seu coração, porque está atrelado a um tipo de crença ou de ideologia que precisa justificar-se para um grupo de adeptos, jamais para quem liberou-se destas fronteiras em busca de Liberdade e de encontro consigo mesmo, em qualquer situação da Vida.
Precisamos de tecnologia para nos monitorar?
Creio que não.
Precisamos, urgentemente, perder o medo de sermos o que somos, mesmo atrelados a grupos ou instituições, que acabam monitorando todos os passos que damos, mesmo sem que a gente o perceba.
Precisamos de Humanidade.
E dizer que estão desenvolvendo tecnologias cada vez mais sofisticadas, para, através da telepatia e outras descobertas na área mental e cerebral, conduzir pessoas para onde elas jamais iriam se tivessem o domínio dos seus próprios argumentos... antigamente, se chamava isso de Princípios próprios.
O resultado de tudo isso, são indivíduos fugindo de diálogos mais alongados com outros indivíduos, com medo de ferir os códigos dos grupos a que pertencem... viram inimigos de pessoas, de idéias, sem ao menos perguntar a si mesmo - ao seu próprio coração - se não estão simplesmente ferindo alguém no que há de mais importante na sua Vida: a LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
Ao invés de amigos(as), conversamos com um rol de crenças pré-preparadas para serem memorizadas e seguidas... por causa do MEDO?
Ao invés de amigo(as), temos de ir procurar um psiquiatra, que nos ampara através de medicamentos químicos, ou então, entramos para uma instituição onde todas as idéias estão prontas, e não precisamos jamais nos preocupar em argumentar com expressões próprias a pessoas dos nossos afetos, deixando-as, inteligentemente, julgando-se "excluídas" dos mais variados grupos que dominam o espaço social e, sem o perceber, monitoram nossos passos através de argumentos, sempre carregados de ideologia ou discriminação por outros modos de agir em torno do Bem, e do progresso humano.
Portanto, é bom pensarmos um pouco mais, antes de dizer que cultivamos a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Pois a sua atuação é muito mais ampla do que falarmos palavras "da moda" e jamais nos comunicarmos verdadeiramente com quem nos ama muito, porque preferimos ter a Mente Monitorada e atrelada... por MEDO da Liberdade??!!?
Saleti Hartmann
Poetisa e Professora
Cândido Godói-RS