Poemas : 

Rapsódia que te quero - Lizaldo Vieira

 
Minha rapsódia
Tá aqui
Daqui ninguem se atreve
De tirar
Nem pra lá
Nem pra cá
Marinete verde
De pneu azul
Quando viajar leve
Para Aracaju
Cida minha
Minha cidade
Filha do tupi
Dos cajueiros e papagaios
Há quem diga que no cabaré das quintas
Papagaio como o milho
O periquito leva
Com azas douradas
Não se brinca no homérico bloco de cinzas
Que o fogo da rolinha apagou
Por aqui não passou
Nem por isso
O galo do augusto franco
Ficou no prejuízo
Todo mundo toma batida de caju
Na hora de correr a vaquinha
Já dizia minha tia
Família de sete homens
O mais velho batiza o mais novo
Pra não virar lobisomem
Na inchada de minha avó
Não escapa erva daninha na malhada
Só quem fica madura mesmo
É laranja em beira de estrada
Se tiver marimbondo no pé
Nem tampouco trechos de composições poéticas
De gregos e troianos
E fragmentos dos panos
Poemas épicos
Captados na atmosfera dos pontos de fada
Do Senhor dos labirintos de Aracaju
Dramáticos contatos
Com os deuses do aqui
Do além
Gravados por dona
Não ganha disco de ouro
Também desse jeito
Só canta meu papagaio
Areia
Meu bem areia
Madalena e os bacamarteiros de Cosmópolis
Marchinhas do sobe ladeiras
Nos carnavais de Neópolis
Mesmo assim
Eu quero mesmo é botar o bloco na rua
Na chegança e são Gonçalo
Da mussuca
Gastando os temas e processos e improvisados
Arrancos dos enredos tradicionais
Nos cantos populares
Nessas eras escassas de unidade formal de melodias
Extraídos com frequência de óperas e operetas
Samba negro
Branco não vem cá
Se vier
Pau há de levar
Originário
Rica e jovem
Só pretende viver ao lado de Macunaíma por quem é apaixonada
De quem se apaixonara pela floresta atlântica
De mata do cipó
É duro compor poesia
Minado por uma polifonia de personagens
Unidos pelo agronegócio
Qual música orquestrada
Verdadeiros protagonistas do fogo cruzado
Contra a preservação da floresta branca
E dos mangues de ara
Pra quem ainda não sabe
Eu agora escrevo em luso poemas
Mas meu Rapsódia continuará aqui
Metendo a mão na cumbuca
Tocando lata e agogôs
Extraídos do baú dos velhos carnavais de brinquedos
E cavalarias do são de Capela


Q U E S E D A N E C U S T O d e V I D A - Lizaldo Vieira
Meu deus
Tá danado
É todo santo dia
O mesmo recado
La vem o noticiário
Com a
estória das bolsas
Do que sobe e desce no mercado
De Tóquio
Nasdaq
São paulo
É dólar que aume...

 
Autor
Lizaaldo
 
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