Chegou sorrindo o Amor em minha casa.
Corri e abri as portas para recebê-lo.
Mostrei os dentes; penteei os cabelos;
Perfumei-me com essências mágicas!...
Chegou raiando sóis em minha vida.
Refrigério do vulcão que ardia em mim.
Sendo luz na noite tenebrosa e sem fim
Afugentando uma tempestade enfurecida.
Chegou sem ninguém perceber... Sorrateiro
Trazendo numa das mãozinhas uma flor
Se apresentando: “Meu nome é Amor.
Sou um menino levado e muito brejeiro!"
E não é que ele era mesmo um menino?
Olhos vendados e com o corpinho pelado?
Eu me perco e fico pensando comigo:
Se pequenino ele já me fez tal estrago,
Elevando-me as alturas, me arrebatando,
Qual será o tamanho do dano quando
Esse menino estiver já crescido?
Mas mesmo acendendo o sol em mim, luzidio,
Ele me fez também uma grande maldade
Pois ele mal chegou e logo já se foi... Indo...
Mostrando-me e depois furtando a felicidade
Quando, te tendo... Não te tenho comigo.
Gyl Ferrys