Há alguns dias, quando mudei de casa, dei por surpresa livros antigos. A maioria, velhos. Amarelos e poeirentos.
A curiosidade badalou-me a abri-los. -"Quarenta anos atrás", eu disse a mim mesma em voz alta, e o som das minhas palavras metamorfoseou-me antigos clássicos do rock n' roll que giravam à agulha na vitrola.
Interesse desperto, em dois dias li um dos mais de trinta tomos, os quais ainda não sabia quem era o dono.
- "Meu pai", a ex dona da casa respondeu, certo dia.
Olhei meio sem jeito, tentando esconder o pedido.
Sem sucesso.
-"Fique a vontade, pegue-os". Ela com certeza leu meu olhar.
Contendo minha euforia, apanhei-os. A partir daquele momento eram propriedades minhas.
Agradeci imensamente. As primeiras pessoas em quem pensei foram em meus irmãos, que assim como eu, amam literatura.
À escrivaninha, identifiquei que constava nos livros o correspondente comprovante de pagamento, e notei que não foram livros baratos, dado que a quantidade de casas decimais eram grandes e a moeda corrente no país era outra àquela época.
Abracei-os, todos de uma só vez, carinhosamente como pude, para não amassá-los e contê-los por alguns instante perto de mim.
- Destes livros só me perco na morte.