NAVALHA NA CARNE
Fazendo do meu verso uma navalha
Cortando na raiz o que destoe
Enquanto noutro tom a morte ecoe,
O passo em velha senda ora se espalha,
Ao menos nos atasse a cordoalha
E o grito do passado ainda soe
No medo que presume o quanto voe
Uma alma sem saber aonde encalha,
Restituindo o quanto outrora pago,
Mergulho no vazio fosse um lago
E afago a rude fera, solidão,
Meu mundo se percebe num repente,
E quando outra versão já se fomente,
Meus olhos novos dias não verão...
RITA DE CASSIA TIRADENTES LOURES