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envelhece-me a voz, envelheço-me.
(I)
,sem suavidades ou desculpas vãs,
ocas,
,talvez um eco sem sombra, um arrepio
sem vento,
,uma alma esquecida em parede branca,
ou os lírios arrependidos pelo vento norte,
…cousas,
,bem puderas perder mais um cigarro,
mais um copo, nunca mais que um olhar nessas breves
horas de contentamento algures no tempo.
,e da velocidade com que a palavra é cortada,
indesmedidos são os sonhos inacabados, ou começados,
é-me longínquo o amar com que um dia escrevi,
bafiento, bolorento, absurdo hoje,
tédio que aparece e desaparece como poeira mascarada
por uma estrada sem saída, emparedada.
,pudessem ser apenas sons que tremem pela manhã,
de uma das muitas noites acordadas,
,refugios ilimitados, onde os fantasmas degradavam
aquilo de que o outro se lembrava, ou o eu,
já nem sei bem.
,de que interessa, se é a voz que me dói?
,escutar-me-ei aleatoriamente como uma lembránsa,
um sopro que descansa assim, sem nada acrescentar,
nem nudez, nem a rápida ignescência dos campos secos
pelo verão escaldante,
e recordo-me das orquídeas brancas que deixei para trás,
como o tédio dos desertos empoeirados,
como o tédio das procelas pelas escuridões do mar.
(II)
,arde-me a memória infestada que estaleja
os desassossegos, os nadas,
,arde-me a voz que me envelhece,
mitigar-se-á o mar que a minha voz alcançou um dia,
ardendo-me o todo,
(III)
[e tantas são as auroras por onde me esqueço...].
"Forfante de incha e de maninconia,
gualdido parafusa testaçudo.
Mas trefo e sengo nos vindima tudo
focinho rechaçando e galasia.
Anadiómena Afrodite? Não:"
("Afrodite? Não" Jorge de Sena)
Textos de Francisco Duarte