Não é a primeira, nem a segunda carta que te escrevo
E, de certo, não será a última.
A insatisfação humana é tal que domina completamente a mente de uma alma humana, não é verdade?
Porque seremos nós incapazes de aceitar o inevitável? O que é real e o que não pode ser mudado? Porque é que achamos que podemos alterar o mundo à nossa volta, quando nós somos tão pequenos…
Penso que essa insatisfação humana é aceitável até certo ponto, essencialmente, a nível espiritual.
Para que se quer dinheiro para, no fim, tornar-se num objeto?
Para que se quer tudo se, no final, somos nada?
Não vale a pena tentar justificar o que já está incontrolavelmente implícito.
Não vale a pena tentar explicar algo que está entregue às mãos da realidade.
Pode-se ter controlo nos outros? Para quê tentar controlar os outros? Eles são mestres de si próprios… Só nós mesmos poderemos controlar as nossas ações (ponto e vírgula).
Assim, te dirijo esta carta para te dizer: Independentemente de tudo, a cada minuto, hora, dia, mês que passa, levo-te comigo. Aceito a realidade aos poucos e poucos. Retiro os bons momentos.
Só lamento não me ter despedido em vida.
Até logo.