Dueto
Jessica Neves e Ana Coelho
Cai em meus olhos a noite
A luz do dia recolhe-me
Encosta-se a um corpo vazio
Com a marca dos teus lábios…
Areias soltas numa ventania
Com a maresia a estender poeiras
Nas pontes onde os pontos se separam,
Agitam-se as águas com marcas salgadas...
E o mar solta o teu nome a negrito
Num grito que me toca e destrói
Não sei mais se o vento sopra
Para fortalecer ou apagar o que já foi…
Esvaziam-se as folhas caídas
Em letras com nome, libertam as hesitações
Recaem no olhar as quimeras concretas
Onde a voz do poeta nunca se completa…
É nesta tortura misturada de sensações
Que me desdobro em passos lentos
Certezas só tenho esta: as emoções
Causam tantas vezes arrependimentos!
Quando o arrependimento faz compartimento
No cerne do coração, a alforria é a melhor comoção
Para trazer de novo a luz da noite ao dia
Na eterna companhia das aragens em confraria!
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...