Carrego nas costas uma multidão de vidas,
Já guardada em páginas que o tempo amarela,
Que as traças corroem – só as páginas,
Eis que as vidas continuam intactas,
Congeladas nas palavras que as ditaram.
Às minhas costas tanto conhecimento guardado,
Alguns poucos minha memória folheia,
Outros por vezes são buscados por estímulos,
Que as necessidades aguçam, que o saber exige,
Para que eu reconheça o caminho que trilho.
Por tantas vidas já passei folheando páginas,
Quantos segredos me foram contados abertamente,
Viajei pelos campos, cantos e guetos desse mundo,
Na garupa de tantas mentes dedicadas e inventivas,
Embalando meus sonhos, emoções e verdades fictícias.
Ali, na estante, às minhas costas,
Tantas vidas guardadas, obedientes,
Quanto saber exposto e a disposição,
Ao alcance da minha simples vontade,
E de quem se propuser a viajar em suas páginas.