Naufrágio
Atravessei o mar
e não sobrevivi.
Enrolei-me perdida
nos sargaços
esqueci o sorriso
e os abraços
nas ondas cruciais
onde vivi...
Debaixo do sol e do luar
fui de encontro aos rochedos
e bati...
Ficou-me o corpo a sangrar
em pedaços
gritei
chorei
submergi.
Se fores ao mar
se descobrires uma estrela nos penedos
não penses que sou eu que já morri...
A alma nunca morre
no meio dos naufrágios
é uma torre
erguida sob o sol
senhora de gritos
e presságios
transforma-se na noite
na luz difusa do farol...
Maria Helena Amaro
Inédito, novembro de 2009.