Não me zanguei com a vida
e ela zangou-se comigo,
deixou-me triste e perdida
como papoila no trigo...
Nunca mais me encontrei
ninca mais fui o que era,
senti na alma, o inverno,
ardi no fogo do inferno,
no abismo me encontrei
sem um sonho, uma quimera...
Não me zanguei com a vida
e embora tendo motivos
tentei sorrir, e sofrida,
não quis dar, à dor, ouvidos...
Porque se zangou a vida
não consegui descobrir
bateu-me tanto, e esquecida,
não me deixou prosseguir.
Mas eu não parei na vida,
lutei, em frente segui
e nesta guerra infinita
fiquei sòzinha ... e perdi..
Se eu nunca fiz mal à vida
porque não me deixou viver
os sonhos que imaginei?
Hoje passo despercebida
p'ra que a vida não se lembre
de me roubar o que resta
dos sonhos que eu sonhei,
e acabe com a minha vida !...
Célia Santos