Dentro do processo de "humanização" da Educação, algumas metodologias muito usadas por nossos professores, criticam e negam a competição em qualquer situação da área educativa e escolar.
Sabemos que a vida é sempre feita de "ganhadores" e de "perdedores" (entenda cada um dentro do seu prisma teórico), e isto, desde os primeiros passos para a formação de um ser humano, que é o nascimento, ou, como prefiram, a competição para ser aquela criatura que habitará o óvulo da mãe. Este fato, indica que a competição está registrada no DNA de cada criatura humana que chega a este planeta, como uma maneira de vencer obstáculos roubando forças do seu interior, da sua memória ancestral e do seu próprio fortalecimento como indivíduo.
Desde que se adotou o método anticompetitivo em algumas escolas, pode-se observar duas situações: os alunos que têm qualificações em conhecimentos gerais ou específicos, não se sentem motivados, pois são colocados no mesmo rol de critérios dos outros alunos, menos hábeis e com menos ambição de estudar mais. Por outro lado, os alunos que não se preparam para competir, sabem que nada é exigido deles, nem esforço, nem inteligência, para produzir uma mudança na sua própria vida. O que assusta, é que o aluno talentoso, e que se esforça para manter suas notas e idéias num nível mais elevado, é considerado como "alguém que quer aparecer diante da turma e do professor", não alguém que já sabe direcionar o seu estudo para um futuro mais promissor e melhor fundamentado.
Não concordo, quando dizem que a competição é de origem capitalista, ou discriminatória, pois as pessoas comprovam, dentro de todas as ideologias, que competir é inerente ao ser humano, e vai ser sempre uma marca registrada sua, mesmo que se dê outros nomes, ou mesmo que alguns queiram transformar a sua fundamentação em algo político, acima de tudo, pois só sabem ver e discernir as situações humanas dentro de um prisma ideológico.
Sou a favor daquela competição sadia, que tínhamos dentro de sala de aula (pelo menos na sala de aula que eu vivi), pois além de incitar a inteligência, a memória e os conhecimentos gerais, trazia alegria a todas as crianças, pois, de alguma forma, estavam testando a si mesmas.
Não creio ser correto nivelar a educação por aqueles alunos que não se esforçam para nada, ou por aqueles que, simplesmente, fazem da vida um eterno deboche dos indivíduos que fazem a mesma jornada. Penso que deve-se resgatar o lado lúdico da competição, e, principalmente, a forma educativa de saber "perder" e saber "ganhar", sem se sentir humilhado ou, de alguma forma, superior aos outros. Tudo depende de como a escola orienta o saber perder e o saber ganhar, pois, às vezes, quem perde - ganha - pois saberá onde tem de se esforçar mais, e quem ganha sabe que o seu talento está sendo bem estruturado pelo esforço e pela garra dedicados ao estudo e ao aprimoramento.
Quase tenho medo de falar, mas, sem a competição - sadia - dentro de uma sala de aula, parece que está surgindo um novo tipo de indivíduo, ou seja, aquele que pensa que não pode se esforçar para nada, e como nada é exigido dele, não apresenta um resultado positivo, em nenhuma situação da sua vida.
Queremos jovens de fibra, ou futuros párias, que deixam os outros decidir a vida por si, sem ter a noção de suas próprias energias adormecidas, desde a concepção do óvulo, um pouco antes do nascimento como ser humano, vencedor e digno da sua luta e conquista, na direção, não de uma ideologia, mas de um mundo melhor, onde sabemos "perder" e "ganhar", e sempre procurar superar mais e melhor os obstáculos que se apresentam?
Saleti Hartmann
Cândido Godói-RS
Professora e Poetisa