Poemas : 

Nos nós dos dedos

 
Nos nós dos dedos,
lassos, verdes,
a limitar alvoradas purpurinas
crepitam ventos
disseminados, lentos, difusos.

Nas mós de pedra alva
congregam-se, bailando, labaredas
entediadas em vestes sempre ciganas.

Prosseguem-se sonhos quebrantados em nós d’afecto,
de gestos tão mudos,
tão silenciados que,
apenas brandas sedas,
rastejam, afagando, a fria pedra.

Por sobre a mesa em constrição,
apenas a cinza,
o incenso,
a mirra.

Nos nós dos dedos
estalam peles ressequidas,
chagas purulentas das nossas feridas.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Manuela Fonseca
Publicado: 06/12/2007 16:36  Atualizado: 06/12/2007 16:36
Colaborador
Usuário desde: 13/06/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 885
 Re: Nos nós dos dedos
" apenas a cinza,
o incenso,
a mirra."

Presentes dados a Alguém no dia em que veio ao mundo...

Um poema em que as chagas, se curam à leitura da sua passagem.

Um beijo*

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/12/2007 16:45  Atualizado: 06/12/2007 16:45
 Re: Nos nós dos dedos
Olá Mel! Um magnífico texto para mais um ano que se encerra, carregando uma mensagem de puro sentimento e emoção.

Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 06/12/2007 17:47  Atualizado: 06/12/2007 17:47
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: Nos nós dos dedos
"Por sobre a mesa em constrição,
apenas a cinza,
o incenso,
a mirra."

E basta, em vez de tanto consumismo sem nexo.
Belo poema Mel, como sempre!

Beijo