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Ora,
se o mar fosse mais macio,
se amar-se fosse mais fácil...
Amar-se a si mesmo.
Amai-vos uns aos outros,
como eu vos amei.
Amai o próximo
como a ti mesmo.
Amar,
amar a mim.
Tantas formas de amar,
tantos amores líquidos.
Falo que amo,
mas,
como é difícil amar-me!
Como é difícil amar-me
de verdade.
Como é difícil amar-me
mármore.
É tão fácil amar o outro.
Tão fácil,
depositar tudo em outro vaso.
É tão fácil...
Tão vazio.
Amar-me
é odiar
a todos os outros.
Odiar, não.
Torná-los menos importantes,
menos importantes
que eu.
Essa coisa de amar-se
não é fácil.
É como acordar da morte dormida,
no novo mesmo dia,
só pra ser você mesmo
e amar-se mais um pouco.
Aquele que se ama
de verdade,
perde o mundo,
torna-se o mundo,
é o próprio eixo.
O amor é um enigma
até quando próprio.
Como posso amar-me?
Como posso amar a mim?
Como posso,
o arame...
Preso...
No pescoço...
O banco tombado
O solavanco
Bum.
Amores fatais,
crimes passionais.
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